sábado, 18 de fevereiro de 2017

Na infância, meninas tendem a achar meninos mais inteligentes

A primeira casa totalmente aquecida por energia solar, a seringa médica, o refrigerador elétrico moderno, a tecnologia de transmissão wireless, a sacola de papel, o jogo Monopoly. Já pensou o que tudo isso tem em comum? Foram invenções e descobertas feitas por mulheres incríveis no decorrer da história. Mesmo assim, muitas meninas de apenas 6 anos já acham que a inteligência e capacidade dos homens é maior, de acordo com pesquisa.
Por mais que para algumas pessoas pareça absurdo, infelizmente a realidade ainda mostra que esse pensamento é muito comum. Um estudo acadêmica publicado pela Revista Science resolveu envolver 200 meninas e 200 meninos (todos entre 5 e 7 anos) em algumas experiências em que era necessário relacionar inteligência e gênero. Os resultados observados são tristes e assustadores.
Grace Murray Hopper foi almirante da marinha americana. Mas ela também foi cientista da computação e inventou a linguagem de programação Flow-Matic, que foi importante para as linguagens posteriores. Além de tudo, ela que inventou o termo "bug". Sabe quando você diz que seu computador bugou? Então!
Grace Murray Hopper foi almirante da marinha americana. Mas ela também foi cientista da computação e inventou a linguagem de programação Flow-Matic, que foi importante para as linguagens posteriores. Além de tudo, ela que inventou o termo “bug”. Sabe quando você diz que seu computador bugou? Então!
O estudo ocorreu em diversas fases. A primeira delas foi dividia em três partes: (1) alguém contou uma história sobre uma pessoa muito inteligente para as crianças e pediu para elas adivinharem o gênero da pessoa descrita; (2) mostraram várias fotos em que tinham duas pessoas, às vezes do mesmo sexo, às vezes não, e pediram para as crianças dizerem qual das duas era mais inteligente; (3) as crianças precisaram relacionar objetos e características, como “ser inteligente”, a homens e mulheres.
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Ao reunirem os resultados de todos os procedimentos, os pesquisadores notaram que as meninas de 5 anos não tinham problema em associar seu sexo à inteligência como os meninos. Já as de 6 e 7 anos, não. Enquanto os meninos de 6 anos escolheram pessoas do seu próprio gênero para a característica “muito, muito inteligente” em 65% das vezes, as meninas só se consideraram “espertas” em 48% das vezes.
"Quando eu era menor, eu achava que tecnologia era incrível - e então eu comecei a pensar que era uma coisa mais de menino".
“Quando eu era menor, eu achava que tecnologia era incrível – e então eu comecei a pensar que era uma coisa mais de menino”.
Em outra fase do estudo, a intenção foi analisar qual dos gêneros as crianças consideravam ter um melhor desempenho acadêmico na escola. A conclusão mostrou que por mais que as meninas tenham associado mais o seu próprio gênero a boas notas, elas não consideravam que isso eram por conta de “genialidade”.
Depois, os pesquisadores apresentaram dois jogos para os participantes: um que era para crianças “muito, muito inteligentes” e o outro que era para quem “se esforça muito”. Adivinha? As meninas ficaram menos interessadas que os meninos no jogo para gente inteligente.
Pesquisa conduzida com 1.600 meninas dentro e fora do Reino Unido
Pesquisa conduzida com 1.600 meninas dentro e fora do Reino Unido
“Já nessa idade meninas estão descontando a evidência que está na frente dos olhos delas e baseando suas ideias sobre que é muito, muito inteligente em outras coisas”, colocou Andrei Cimpian, co-autor da pesquisa da New York University, para o The Guardian. Ele ainda destacou o fato de que tais ideias, presentes em uma idade tão nova, acabam afetando bastante as trajetórias educacionais tanto das meninas quanto dos meninos.
Isso faz muito sentido se você comparar o estudo da revista Science à pesquisa britânica Girls’ Attitudes Survey de 2016. Nela, 52% das meninas de 11 a 21 anos concordaram que ciências, tecnologia, engenharia e matemática são matérias que passam uma imagem de serem mais para meninos. Além disso, 12% das meninas de 7 a 10 anos acham que meninos são melhores nessas disciplinas.
Essa mesma pesquisa mostrou, ainda, que essas ideias persistem mesmo quando as meninas pensam no mercado de trabalho. Para a frase “meninas e meninos têm a mesma chance de obter sucesso em seus futuros trabalhos”, apenas 35% das meninas de 17 a 21 disseram concordar. Para completar, 64% delas acham que os empregadores preferem contratar homens a mulheres.
Os dados assustam, né? Mas essa questão ainda está muito intrínseca à sociedade e se você mesma resolvesse sair e perguntar por aí, certamente ouviria respostas parecidas com as das meninas das pesquisas citadas. Como podemos mudar isso? Certamente, incentivando e mostrando mais exemplos de mulheres que mudaram a história, seja dentro de casa, na escola ou na rua. Mas a mudança principal começa dentro da gente: nunca subestime a própria inteligência. Você tem, sim, toda a capacidade! Seja em humanas, biológicas, exatas, ciência e tecnologia… You go, girl!

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